O objetivo desse post não é te convencer de que você precisa de Deus pelo motivo x, y ou z e sim a ideia aqui é de refletir a respeito dessa necessidade genuína que temos de buscar Deus, seja ela diária ou esporádica, ligada ou não à alguma religião.
A vontade de buscar Deus já apareceu para você em algum momento na sua vida? Independentemente de você acreditar ou não na existência Dele? Pois é sobre isso que quero trocar contigo. Vamos olhar essa necessidade mais de perto?

Neste post:
A Autoconsciência e a Consciência
Como você sabe que você é você?
Ao que parece a consciência é uma tema já foi e ainda é extremamente debatido entre os filósofos e a hipótese atual é a de que nós temos consciência, que seria uma percepção que já vem conosco de fábrica e que por conta dessa consciência conseguimos nos dar conta da nossa existência, ou seja, autoconsciência.
Através dessa autoconsciência começamos a nos questionar sobre a nossa existência, propósito e qual será o nosso fim.
Certamente você já ouviu a frase: ” Penso, logo existo”. Pois bem, essa afirmação foi feita por René Descartes (1596-1650), que era um filósofo e estudava o assunto, ele chegou a essa conclusão após identificar que nos dávamos conta de nossa existência não por conseguirmos tocar nosso próprio corpo, e sim pelo fato de pensarmos.
Mas por que justamente essas questões?
Ou seja, após a explicação de Aristóteles entendemos o motivo pelo qual nos percebemos, mas eu ainda tenho uma dúvida que talvez seja uma dúvida sua também: por que a nossa consciência nos faz fazer perguntas sobre nossa origem, nosso propósito e nosso destino? Por que justamente essas questões, que muitas vezes nos levam a buscar Deus inclusive?
Talvez você me diga que o fato de termos a consciência de nós mesmos nos levam a tais indagações, mas eu ainda pergunto: será que se uma árvore tivesse consciência dela mesma (será que não tem?!) ela faria também essas mesmas perguntas?
Buscar Deus para Se Lembrar
A impressão que eu tenho após bastante refletir, estudar e trocar é que essas perguntas relatadas acima na verdade são feitas porque temos uma lembrança de algo ( uma missão, talvez), que não sabemos muito bem de onde é e para que serve. Eu me explico.
Você já esteve num cômodo/espaço para executar alguma ação ou em busca de algum objeto e simplesmente se esqueceu o motivo de você estar naquele espaço? Você sabe que tinha algo para fazer, mas simplesmente se esqueceu o que era ao chegar lá.
A Busca por Algo que Não Sabemos O Que É
Então esse esquecimento do exemplo acima te perturba, não é mesmo? E mediante essa situação você tem 3 possibilidades:
- Desistir de lembrar o motivo pelo qual está naquele cômodo/espaço e voltar para onde veio (será que é isso que acontece quando nos esquecemos de nossa missão aqui na terra?) ;
- Tentar a todo custo lembrar qual era o seu objetivo ao se deslocar até aquele cômodo/espaço, e enquanto tenta fazer isso fica completamente paralisado, talvez se distraindo com uma coisa ou outra, como olhar o celular por exemplo, mas sem um objetivo definido. E isso te distrai, gera ansiedade e frustração. (qualquer similaridade com os dias atuais foi mera coincidência ou não!)
- Lembrar ao que veio, executar a ação pretendida e ao término voltar para o local de origem com o sentimento de satisfação e conclusão. (poderíamos dizer que a evolução espiritual funciona da mesma forma?)
A essa altura do campeonato os mais céticos já estão achando esse post muito viagem, e eu nem discordo deles, porque também já estive nesse lugar, mas eu gostaria de reafirmar uma pergunta.
Você não acha, ou poderia ao menos considerar a afirmação a seguir, de que por algum motivo podemos ter a lembrança de algo que nos propusermos a fazer enquanto seres humanos aqui na terra e que essas perguntas relacionadas ao nosso objetivo de vida nada mais são do que uma tentativa de resgatar uma memória?
Programa Instalado de Fábrica – Made In Deus Todo Poderoso
A qualidade básica do ser humano
Você já teve a possibilidade de sentir o bem-estar como resultado de uma ajuda/auxílio ao outro? Se você nunca sentiu isso eu sinto muito por você, e se você já sentiu sabe do que estou falando.
Nós nascemos com uma programação de utilidade pública implantada no nosso espírito. Essa vontade de ajudar o próximo, intrínseca ao ser humano, que pode inclusive ser observada nos ensinamentos e práticas de Cristo, pulsa de forma latente dentro de nós.
Por esse motivo buscamos e queremos ajudar o próximo sempre que possível (só no trânsito que não, porque as malhas públicas são sinônimo de campo de guerra). E não estou falando de fazer grandes obras sociais etc, estou aqui me referindo ao dia a dia. Aquela porta do elevador que você segura para o vizinho, por exemplo.
O Materialismo e Suas Consequências
Meu programa de fábrica veio com defeito
Talvez você tenha dado risada quando leu a parte da guerra no trânsito (eu ri quando escrevi), mas a verdade é que esse comportamento vai muito contra nossa programação de base, o que aconteceu? Deu defeito?
O que acontece é que ao chegarmos aqui encarnados, ou seja, ao aterrarmos nesse planeta cheio de boas intenções (ou não!) nos deparamos com uma sociedade que nos molda dentro de uma visão materialista, programando nosso cérebro para desenvolvermos um olhar individualista.
Nesse contexto nosso EU ganha proporções astronômicas em detrimento do NÓS, logo eu passo a olhar o meu interesse e descarto o outro, por isso que o trânsito vira um campo do guerra, onde o outro vira inimigo. (talvez esse exemplo não converse com você, pois habita em um lugar calmo, como eu moro numa cidade caótica esse exemplo traduz meu cotidiano.)
Versão de fábrica espiritual x programação materialista
Infelizmente esse novo condicionamento material de cunho individual atua como um app que acaba deixando obsoleto nosso programa de base (aquele espiritual voltado para o bem-estar coletivo), causando inúmeras falhas comportamentais.
Mediante disso paramos de escutar dentro para buscar fora tudo aquilo que a sociedade nos disse que temos de ter.
Eu preciso ter para ser
Então de repente a casa, o carro, o apartamento etc passam a ser mais importantes do que o objetivo de vida maior. Passamos a acumular coisas, inclusive chegamos ao ponto de coisificar pessoas para atingirmos esse objetivo material externo.
Há pessoas que buscam se relacionar com outras para ter algum benefício pessoal e isso, infelizmente, é o único motivo dessa relação. Não te parece distorcido?
É importante ressaltar que no âmbito dos negócios esse tipo de relacionamento é usual, pois afinal de contas as pessoas se associam para fazerem negócios, o preocupante é quando isso se aplica à vida pessoal.
Quando uma pessoa faz “amizade” com alguém por puro interesse, uma amizade que deveria partir do coração, mas que surge por conta de um interesse racional, isso é muito triste e superficial e infelizmente vemos cada vez mais esse comportamento. O que você acha disso?
Se sentiria bem em descobrir que seu/sua melhor amigo(a) só se aproximou de você por algum interesse específico que não foi ter a sua amizade?
Seres Espirituais em Formato Humano
Quando ficamos doentes espiritualmente
Devido esse tipo de relação, onde passamos a valorizar o externo e esquecemos complemente do interno, acabamos por sofrer “bugs” ao longo da vida tais como: depressão, ansiedade, fobias, vícios etc.
E isso acontece porque precisamos do bom funcionamento do programa de base, aquele que visa o NÓS e não o EU, para seguirmos a vida equilibrados e com propósito.
Então passamos a manifestar no corpo físico uma necessidade, que no fundo é espiritual.
Ou seja, a partir do momento que perdemos de vista nosso propósito espiritual e passamos a nos focar apenas na experiência humana, nos afastamos da nossa real essência e isso trás sérios problemas físicos, emocionais, espirituais etc.
Como já dizia o Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), que foi um padre, teólogo, filósofo e paleontologista que tentou integrar a visão da ciência com a teologia : ” Não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana.”
Buscar Deus pelo Sofrimento
Buscar Deus pode atuar como um remédio?
A partir do momento que estamos nesse cenário de total desequilíbrio, a impressão é que um botão de emergência aparece para nós escrito “buscar Deus” e, dentro do nosso livre arbítrio, e podemos ou não apertá-lo.
Apertar esse botão, que nada mais é do que ativar o modo buscar Deus, é quase como que dar um reset na vida e desinstalar todos os programas que foram instalados ao longo dos anos na nossa mente física e que conflitam diretamente com o programa base espiritual.
Por algum motivo, ao se buscar Deus, há uma certeza de que simplesmente estamos no caminho certo. E aqui caro leitor é preciso deixar claro que essa é uma impressão bastante subjetiva e apenas quem já a sentiu vai conseguir entender a profundidade desse sentimento. (torcendo para você saber do que eu estou falando)
Mas eu tenho que buscar Deus pela dor?
É importante deixar claro que o objetivo aqui não é fazer apologia ao sofrimento e sim constatar que muitas vezes é através do sofrimento, que acontece pelas circunstâncias X, Y ou Z, que conseguimos reestabelecemos a conexão espiritual.
Ou seja, há muito relatos de pessoas que precisaram chegar num ponto extremo de desequilíbrio para reavivar a comunicação com Deus e a partir daí é como se pudessem se lembrar de seus reais propósitos de vida. Vai dizer que numa situação difícil você nunca pensou “será que Deus vai me escutar?”
O que eu pude constatar em muitos e muitos casos é que para essas pessoas que escolheram buscar Deus as perguntas “de onde eu vim, para onde vou e o qual é o meu objetivo” parecem ter respostas banhadas por um amor e entrega profundos, trazendo a elas a famosa paz de espírito.
Alinhar o Racional com o Espiritual
Dor, sofrimento e bitolamento
Talvez você tenha entendido no parágrafo anterior que curamos nossos males mundanos a partir do momento que passamos a buscar Deus pela dor.
Se esse é seu caso, talvez você tenha imaginado uma multidão de fiéis reproduzindo irracionalmente um ritual religioso e fechando os olhos para qualquer necessidade humana material em prol da missão espiritual.
Então eu já me esclareço que buscar Deus não precisa necessariamente vir a partir da dor, essa busca pode muito bem vir do amor ou de um despertar espiritual.
E tão pouco buscar Deus tem relação com hábitos ritualísticos (apesar deles poderem sim ajudar), mas esse encontro acontece quando há uma conexão interna/espiritual nossa com o Ser Supremo, O Criador.
Cada um tem a própria missão
Além disso é preciso entender que nem de perto somos Jesus, que foi alguém que abriu mão de tudo para cumprir sua missão espiritual aqui na terra. E isso porque Ele foi absolutamente preparado para receber a força Crística e por conta de toda sua força espiritual conseguiu manter-se focado e cumprir seu propósito aqui na terra de forma majestosa.
Você já deve ter ouvido alguém dizer que Deus não dá uma cruz maior do que a que conseguimos suportar, certo?
Pois bem, o buscar Deus justamente vai nos lembrar de nossa missão, que por mais que pareça simples, se compararmos com a de Jesus por exemplo, tem a sua importância.
Ao buscar Deus alinhamos nossa passagem aqui na terra com nossa missão espiritual e isso nos preserva enquanto seres humanos, pois é como se nos blindássemos de alguma forma contra o materialismo que nos desvirtua, desequilibra e confunde nosso ser. (o lado sombra do racionalismo)
Conclusão
Buscar Deus então é como se fosse o nosso botão de emergência que temos a nossa disposição para retomarmos o caminho espiritual quando nos deixarmos levar pelas regras mundanas materialistas.
Então ao longo da vida temos essa ferramenta de buscar Deus como forma de autopreservação para que nosso objetivo espiritual aqui na terra, mesmo que se chocando com os valores racionais, seja cumprido.
Que fique claro, caro leitor, que adquirir carros e casas de fato não é um problema, afinal de contas todos merecemos ter uma vida confortável e digna, o grande problema é quando essas aquisições passam a ser o único objetivo da vida de uma pessoa.
E se o único objetivo de alguém é única e exclusivamente de fundo material, certamente buscar Deus nunca esteve nos planos da pessoa e provavelmente, lá no íntimo, ela sinta que lhe falta algo que dinheiro nenhum pode lhe dar.
Deixo aqui abaixo para inspirá-lo, um pensamento de Marco Aurélio:
“O que acontece a cada um importa ao conjunto. Isso deveria ser suficiente. Mas ademais, em geral, verá, se prestar atenção, que o que é útil a um homem, é também a outros homens. Aceita agora “a utilidade” na acepção mais comum, aplicada a coisas diferentes”. Marco Aurélio, Mediações, Livro 6, 2024, p. 65